Carlos

Words get us nowhere. It’s time for action

# Um filme para segurar as pontas por inacreditáveis 5h30min tem que ser bom. Carlos, o filme, não eu, segura na boa. Mas na dúvida, eu aconselho a fazer como eu, ver separado, em três partes. Porque sabe, né? Mais de cinco horas parado na frente de uma TV, nem com a trilogia do Poderoso Chefão.

# O filme tem cenas em inglês, francês, árabe, alemão e espanhol. Não um ou outro diálogo, mas cenas inteiras. Ou seja, ESQUECE a possibilidade de ver sem legendas. E o Édgar Ramírez matou todas essas no peito. Ou seja, uma atuação soberba em vários aspectos e não só naqueles “ganha-perde” peso para viver o personagem. O que ele também faz, diga-se de passagem.

# Separadas, as três partes parecem bem distintas. A primeira delas é mais histórica do que qualquer coisa. A segunda, a mais crítica, a que aparecem as primeiras contestações deles mesmo sobre o que fazem e a que interesses servem. E acho que a terceira é a mais “cinematográfica” das três, e talvez, por recorrer a alguns clichês, a menos boa. Menos boa porque todas são ótimas.

# Carlos tem outro mérito inegável. Ele não faz julgamento de valor, mesmo sendo o protagonista um mercenário, um terrorista. Por “não faz julgamento de valor”, leia-se isso mesmo e não um “ele romantiza” o personagem. O filme tem o cuidado de, sempre que parece exaltar o cara, ir lá e mostrar um outro lado dele, um mais egoísta e mais violento. Bota as cartas na mesa e quem quiser, faz o julgamento que achar necessário.

# Há uma cena em especial que parece absurda. Os mercenários querem explodir um avião no aeroporto. Pois bem, eles colocam uma bazuca na sacola, entram no aeroporto, chegam ao terraço, com um monte de gente à volta, tiram ela da sacola, atiram num dos aviões e saem correndo. Aí tu para, pensa e acha que passou o limite de forçar a barra, até porque, onde já se viu a chance disso acontecer. Aí tu vai procurar na internet e nos livros e vai ver que isso aconteceu. Exatamente assim. Ah, os anos 1970. Claro que, pós-2001, isso virou um cenário impensável.

# E o aliado de hoje é o inimigo de amanhã e o aliado de depois de amanhã. Isso nos anos 60, nos 70, nos 80, 90, 00, 10…

# Esse senhor acima é o verdadeiro Carlos, o Chacal.

 

Carlos (2010) ****

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